Por Pedro Abarca
Provavelmente, os jesuítas Nóbrega e Anchieta tenham falecido sem saber que eram os fundadores de São Paulo. Isso pelo fato da decisão de considerá-los fundadores ter ocorrido bem mais tarde, usando-se determinados critérios.
FATOS – FUNDAÇÃO DE SÃO PAULO
Em 29 de março de 1549, o padre Manoel da Nóbrega chegou ao Brasil com Thomé de Souza, este nomeado governador geral.
Chegaram com ele os jesuítas Leonardo Nunes, João de Azpilcueta Navarro, Antônio Pires e os irmãos Vicente Rodrigues e Diogo Jácome. Ainda na Bahia, fundou a missão da Companhia de Jesus.
A seu pedido, Leonardo Nunes viaja para São Vicente, aqui chegando em princípios de 1550. A primeira coisa feita por Leonardo foi subir ao planalto, onde viviam índios e portugueses espalhados por diversas aldeias.
Ali travou contato com João Ramalho, sendo que a relação entre eles foi tumultuosa. Durante quase três anos, Leonardo Nunes preparou as condições para que Nóbrega, mais tarde, viesse o planalto piratiningano.
No início do mês de fevereiro de 1553, o padre Manoel da Nóbrega chegou a São Vicente. Em 29 de agosto de 1553, em companhia do padre Manuel de Paiva, primo de João Ramalho, e do irmão Antônio Rodrigues, sobe pela primeira vez ao planalto de Piratininga.
Em companhia de André Ramalho, filho de João Ramalho, percorreu os campos à procura do local onde mandaria construir a modesta casa que serviria de abrigo para os jesuítas e escola para os filhos de índios e de portugueses.
Escolheu o topo da colina, localizada entre os rios Tamanduateí e Anhangabaú. Próximo a esse local, ficava a aldeia chefiada por Tibiriçá, sogro de João Ramalho.
A primeira missa foi ali rezada pelo próprio Nóbrega em 29 de agosto de 1553, momento em arregimentaram aproximadamente 50 catecúmenos.
Na última semana de janeiro de 1554, Nóbrega voltou à colina de Piratininga. No dia 25 de janeiro, dia em que se comemora a conversão de Paulo ao cristianismo, ordenou ao padre Manuel de Paiva que celebrasse a primeira missa no local. Portanto, ao padre Paiva coube esse privilégio.
O padre José de Anchieta chegou ao Brasil em 1553. À época de sua chegada ainda era noviço. Pelo profícuo trabalho realizado por ele na catequese dos indígenas, é considerado, junto com o padre Manoel de Nóbrega, um dos fundadores de São Paulo.
PIRATININGA E NÃO SÃO PAULO
É importante ressaltar que o local onde os jesuítas construíram sua modesta casa escola chamava-se Piratininga e não São Paulo.
Há inúmeros documentos que atestam que Martim Afonso de Souza antes de retornar a Portugal, fundara Piratininga em 1532. Martim Afonso considerava São Vicente a vila do litoral e Piratininga a vila existente no planalto.
Tanto isso é verídico, que Anchieta e outros jesuítas quando enviavam cartas para a Europa, diziam estar escrevendo de Piratininga.
Pedro Abarca, historiador do Tatuapé
Pedro Abarca é historiador tatuapeense, membro do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo e da União Brasileira de Escritores UBE.
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